Excelente texto do Jânio de Freitas, na Folha, chama a atenção para a questão do direitos humanos violados na morte do Bin Laden. Além da possibilidade de execução sumária, há versões de que haveria crianças nos locais, e outros inocentes teriam sido mortos. É certo que adultos que ajudavam Bin Laden tinham noção do que poderiam sofrer em caso de ajuda a tal pessoa (mas também não teriam represálias caso se recusassem a ajudálo?), mas o que dizer de crianças? E no caso os adultos, se não impõe risco à vida dos soldados, podem ser executados? Não deveriam ser presos?
Lá nos EUA ninguém terá a mínima coragem de questionar essas coisas seriamente, porque será anti-patriota e, talvez pior, insensível aos parentes das vítimas do 11/09, que talvez agora se sintam vingados/justiçados. A história seria excelente, se se tratasse de qualquer república de bananas. É até fácil imaginar as manchetes dos jornais: Presidente Prêmio Nobel da Paz celebra execução e morte de inocentes em operação militar.
Que se utilize dois pesos e duas medidas não é de se espantar na verdade, pois nós operamos em nós mesmos, quase o tempo todo, aquela operação ideológica mental que George Orwell chamou de duplipensar. Varrer essas questões pra debaixo do tapete do Tio Sam nada mais é que exercitar essa arte tão nobre, o duplipensar.
Muito bem observado. Mas não temos fotos, corpos, testemunhas neutras, só a palavra de que as coisas foram feitas assim, a lá tio Sam, vale dizer rsrsrs
Pois é, temos muitas versões contraditórias…