Hoje em dia todo mundo fala que educação é importante. E no entanto, há quem questione o significado de fazer um curso superior. Será que realmente aprenderemos algo que poderá ser aplicado na prática? Iremos realmente sair mais sábios da Universidade? E há diferença entre curso técnico e, digamos, curso científico? Ou ainda, curso científico e curso humanista?
Eu não pretendo responder a todas essa perguntas, mas gostaria de dizer pelo menos um ponto onde acho que a Universidade ou, mais especificamente ,um curso superior muda a vida da gente. Para mim, o ponto central se resume ao aprendizado de modelos mentais.
Como a realidade é muito complexa e multidimensional, nós precisamos criar enquadramentos ou modelos mentais de como o mundo funciona. E então passamos a pensar e interpretar o mundo a partir desses modelos mentais. É por isso que economistas vão achar que é tudo uma questão de incentivos (e frequentemente incentivos monetários). Se você – como eu – tem aprendido bastante sobre psicologia (mas a psicologia irmã da economia, daquela feito por Kahneman e cia.), então o enquadramento é o de vieses, heurísticos, racionalidade limitada. Ou se você tem uma pegada mais matemática, você pode pensar as coisas em termos de otimização, máximo local, máximo global.
Então, o que o ensino superior – se bem feito – lhe proporciona é uma série de repertório com que interpretar o mundo. Cada curso vai fornecer um repertório diferente e uma ênfase diferente sobre os múltiplos aspectos que formam a realidade. Essa é a razão, aliás, porque eu acho que na Universidade, não se trata de aprender uma profissão no sentido de adquirir conhecimentos práticos. Se trata de aprender a pensar de uma certo jeito, de forma abstrata. Aplicações do conhecimento são coisas legais, claro, mas o fundamental é aprender um certo modo de pensar. E saber que, a depender do curso – a própria abstração da realidade faz parte do modo de pensar que se deve aprender. Em outras palavras, o modo de se pensar é de forma bastante abstrata.
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