Nota: eu escrevi o post abaixo em outro blog meu, por engano. Coloco o texto completo aqui, e não apenas o link do texto para o outro blog.
Acabei de ler o livro “A marca humana” do Philip Roth. Em certo sentido, é o contrário, o reflexo no espelho, de A viuva grávida, do Martin Amis. O livro de Amis começa maravilhosamente bem, mas termina terrivelmente mal. A experiência de ler o livro até o final, se forçando a lê-lo até o final é uma morte horrível.
Já o livro de Roth começa meio devagar, mas ao longo do livro todas as pontas soltas vão sendo amarradas e o leitor começa a fazer suas próprias conexões. E o talento de Nathan Zuckerman, o personagem escritor, começa a transparecer. A investigação da psique humana realizada por Roth é impactante.
É um livro sobre segredos, sobre disfarces, mas não apenas para os outros, como também para nós mesmos.
Nunca vamos suficientemente até o fundo da nossa mente e Roth mostra isso muito bem. E também como é arrogante a pretensão de que entendemos completamente o outro. Sempre há algo mais a esconder. E, de alguma forma, creio que é bom que seja assim. Às vezes, a melhor forma de ver não é olhar diretamente para o objeto, mas de soslaio, com a visão periférica. Captar nuances, nos diz Roth nessa belíssima imagem, é ter visão periférica, olhar com o rabo do olho. Nem sempre o que esta mais imediatamente a vista é o real.
Feliz Natal a todos. E agora vou começar a ler Pastoral Americana. E aparentemente nele também aparece meu personagem favorito, Nathan Zuckerman. Estou muito feliz com essa descoberta. E lembremos sempre que “we need the eggs!”.