Hegemonia em 1984: O Duplipensar, Ideologia e a Teologia Materialista de Pascal

Um amigo novo me disse que mais vale um texto ruim publicado que um texto excelente na gaveta. Digamos que não é tanto verdade e é melhor não publicar textos ruins e publicar os excelentes. Mas pegando o espírito da coisa, eis mais um texto de minha lavra, que poucos leram. Não que seja parte da categoria dos textos excelentes não-publicados. Até porque é bem pouco original.

Esse texto foi produzido para apresentação em disciplina de pós-graduação na ciência política, em curso ministrado pelo prof. Oliveiros Ferreira sobre Gramsci. Como se vê, meu conhecimento de Gramsci é bem pobre, razão pela qual não tentei tornar o texto publicável numa revista acadêmica. Mas sem mais delongas – ei-lo.

INTRODUÇÃO

Em 1984, como sabemos, George Orwell (2003) conta-nos a história de Winston, funcionário de um governo dirigido por um partido totalitário, que possui um dirigente objeto de culto, o Grande Irmão (Big Brother). Winston, que trabalha com a responsabilidade de alterar o passado para criar um presente perpétuo[1], entra em conflito com sua realidade quando sente que outro funcionário do governo, O’Brien, também está insatisfeito com o regime do Grande irmão.

Orwell conta-nos então a história de como Winston tenta fugir à dominação totalitária, a princípio por meio do amor com Júlia, sempre às escondidas, uma vez que o partido não permite qualquer relação afetiva que provoque emoções e/ou instabilidades. Em seguida, através de uma ação subversiva, O’Brien o convida para participar de uma organização subversiva. Contudo, o Partido controlava a vida de Winston muito mais do que ele imaginava e, fatalmente, acaba sendo traído pelo líder do movimento subversivo, O’Brien.

Como sabemos, tendeu-se a considerar essa história uma alegoria do Stalinismo e Nazismo, na qual Orwell teria feito uma crítica da opressão e da dominação que um regime controlador pode impor ao ser humano. Sem afirmar que essa imagem está errada, consideramos, contudo, que outras chaves de leituras são possíveis e, até, possivelmente mais ricas. Nesse sentido, pretendemos realizar uma interpretação de um aspecto particular do livro de Orwell: o significado do duplipensar no estabelecimento da hegemonia (no sentido de Gramsci) do Partido. Essa interpretação visa a fornecer uma chave de leitura para entendermos em Gramsci o significado da ideologia. Por exemplo, o que estaria querendo dizer Gramsci quando afirmou que

A análise dessas proposições tende, penso eu, a reforçar a concepção de bloco histórico, na qual, precisamente, as forças materiais são o conteúdo, e as ideologias, a forma, embora essa distinção entre forma e conteúdo tenha um valor puramente didático, já que as forças materiais seriam historicamente inconcebíveis sem a forma e as ideologias seriam fantasias individuais sem as forças materiais (Gramsci, 1976, pp. 376-7, segundo grifos meus)?

É portanto tendo em vista entender o significado da Ideologia em trechos como esse que escrevemos o presente texto. E nossa hipótese é que o duplipensar permite iluminar o significado de ideologia, dentro do contexto da hegemonia.

II HEGEMONIA E DUPLIPENSAR

Segundo Ferreira (1986), embora possamos encontrar nos Cadernos várias concepções de hegemonia, podemos afirmar que Gramsci concebia a hegemonia como direção do grupo dominante sobre os dominados, de forma a enfatizar a “aceitação ativa da concepção de mundo dominante” (Ferreira, 1986, p. 10). O que não implica em desprezar o fator dominação, já que pode ocorrer que dominação e direção coexistam.

Esta aceitação ativa dos dominados, segundo Ferreira (1986), decorreria entre outras coisas da difusão de uma visão de mundo (Weltanschauung), em geral realizada pelos intelectuais, além de por meio de instituições (como escola, igreja, meios de comunicação etc.).

É fácil perceber, em 1984, como de fato temos as mais variadas instituições destinadas a difundir e reproduzir a visão de mundo dominante: na escola, as crianças desde cedo aprendem a doutrina do partido; os jovens participam de liga juvenil anti-sexo; os adultos participam das atividades comunais; sem falar na semana do ódio e na novilíngua. Contudo, mesmo assim há aqueles que não aderem a visão de mundo dominante e são um perigo para o partido. É o caso de Winston e, por isso, permitir-nos-á mostrar como de fato se processa a difusão da visão de mundo dominante. Para tanto, recorreremos à noção de ideologia[2] marxiana tal como encontrada no capítulo um d’O Capital em conjugação com a teologia materialista de Pascal[3].

III O DUPLIPENSAR

No início de 1984, Orwell explica o duplipensar, mas é no livro de Goldstein que chega às mãos de Winston que vemos uma explicação mais detalhada. Vejamos alguns trechos do livro que, embora longos, são esclarecedores:

Duplipensar quer dizer a capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias e aceitá-las ambas. O intelectual do Partido sabe em que direção suas lembranças devem ser alteradas; portanto sabe que está aplicando um truque na realidade: mas pelo exercício do duplipensar ele se convence também de que a realidade não está sendo violada. O processo tem de ser consciente, ou não seria realizado com precisão suficiente, mas também deve ser inconsciente, ou provocaria uma sensação de falsidade e, portanto, de culpa. O duplipensar é a pedra basilar do Ingsoc, já que a ação essencial do Partido é usar a fraude consciente ao mesmo tempo que conserva a firmeza de propósito que acompanha a completa honestidade (Orwell, 2003, p. 206).

Como podemos perceber, o duplipensar é um pensamento que permite que se aceite duas proposições contraditórias sem problemas, é o modo de pensar que permite a falsificação e a alteração da realidade com o fim de torná-la, para o individuo, inalterável.

Porém, é preciso compreender como Winston passou a seguir, passou a incorporar o duplipensar. Uma passagem de 1984, na qual Winston encontra-se diante de O’Brien, este interrogando Winston e tentando-lhe incutir o duplipensar, é bastante esclarecedora sobre como se incorpora o duplipensar a um adulto “herege”, ainda que algo longa. Mas vamos a ela:

Há alguns anos tiveste uma alucinação muito séria. Acreditavas que três homens (…), executados por traição e sabotagem, após uma confissão integral, não tinham cometido os crimes imputados. (…) Houve uma certa fotografia em torno da qual construíste uma alucinação. Acreditavas tê-las tomado nas mãos. A fotografia era mais ou menos assim.

Um recorte retangular de jornal aparecera entre os dedos de O’brien. Durante cinco segundos talvez ficou ao alcance da visão de Winston. Era uma fotografia, e não havia dúvidas quanto à sua identidade. Era a fotografia. (…) a mesma que por acaso tivera em mãos, onze anos atrás (…). Por um instante apenas teve-a diante dos olhos, depois tornou a sumir. Mas vira-a, não havia dúvida que a vira!…

– Existe! – exclamou.

Não – disse O’brien.

Atravessou a sala. Na parede oposta havia um buraco da memória. Ele levantou a grade. Sem que o vissem, o frágil pedaço de papel foi sugado pela corrente de ar quente; desapareceria numa labareda. O’Brien voltou-se.

– Cinza – disse. – Nem mesmo cinza identificável. Pó. Não existe. Nunca existiu.

– Mas existiu! Existe! Existe na memória. Eu me lembro. Tu te lembras.

Não me lembro – afirmou O”Brien.

O coração de Winston soçobrou. Era o duplipensar. Teve uma sensação mortal de impotência. Se ao menos pudesse ter certeza de que O’Brien mentia, não teria tanta importância. Mas era perfeitamente possível que O’Brien se tivesse esquecido da foto. E se assim fosse, já teria certamente esquecido sua negativa de se lembrar, e esquecido o esquecimento. Como era possível ter certeza de que tudo não passava de um estratagema? Esmagava-o o pensamento de que talvez pudesse de fato ocorrer aquele deslocamento lunático da mente. (Orwell, 2003, pp. 235-236).

Após mais alguns Diálogos, O’brien explica como Winston pode aderir ao partido, como pode incorporar o duplipensar no seu pensar.

Afirma O’Brien: “O que quer que o partido afirme que é verdade, é verdade. É impossível ver a realidade exceto pelos olhos do partido. É esse o fato que deves reaprender, Winston. Exige um ato de autodestruição, um esforço de vontade. Deves te humilhar antes de recobrar o juízo” (Orwell, 2003, p. 237, grifos meus).

O’Brien tenta ensinar a Winston o significado preciso do duplipensar e porque o duplipensar é possível. Alguns poderiam ver aqui um idealismo tosco, que afirmaria que tudo está na mente, que o pensado é real, que o pensado é racional. Porém, acredito que, uma vez que apenas o pensado pelo e para o partido é racional, uma vez que o duplipensar é claramente ideológico, gostaria de propor uma outra interpretação para o duplipensar, numa chave diversa da do idealismo (ou do solipsismo, como chega a comentar O’Brien).

Marx, como sabemos, deu ao conceito de ideologia uma forma própria. Contudo, de A Ideologia Alemã para O Capital o conceito foi algo modificado, especialmente quando lembramos do capitulo 1 de O Capital no qual ele analisa a forma mercadoria. Neste texto, Marx nos lembra que os economistas políticos ingleses já haviam “descoberto” o conteúdo secreto da forma mercadoria: o tempo de trabalho como fundamento de valor[4]. Nesse sentido, o conteúdo ideológico da forma mercadoria não está no conteúdo, mas na forma mesmo (Zizek, 1999). Essa é, de fato, uma das grandes descobertas de Marx. O fetichismo da mercadoria, segundo Marx, existe porque as relações sociais se transformam numa relação entre coisas. Ou seja, no capitalismo, com o desenvolvimento desse modo de produção, efetivamente nos relacionamos com uma realidade que nos aparece como dada, como uma faticidade, como uma coisa, como um fato social mesmo. Quer dizer, embora saibamos que é uma relação social, de fato nos confrontamos com relações entre coisas. Daí porque a abstração é real. Não se trata de uma abstração do pensamento, mas da própria realidade. Nos dizeres de Zizek, “a ideologia não é simplesmente uma ‘falsa consciência’, uma representação ilusória da realidade; antes, é essa mesma realidade que já deve ser concebida como ‘ideológica’. (…) ‘Ideológica’ não é a ‘falsa consciência’ de um ser (social), mas esse próprio ser, na medida em que ele é sustentado pela falsa consciência” (1999, p. 305_306).

Ilustradora dessa argumentação é a lembrança de Marx a respeito da relação entre súditos e reis: “um homem só é rei porque outros homens colocam-se numa relação de súditos para com ele. E eles, ao contrário, imaginam ser súditos por ser ele rei” (Marx apud Zizek, 1999, p.309).

Nesse sentido, quando O’Brien diz que

[Os russos] imaginavam ter aprendido com os erros do passado; sabiam ao menos que era preciso não fazer mártires. (…) E no entanto, apenas alguns anos mais tarde, a mesma coisa acontecia de novo. Os mortos se haviam transformados em mártires, e fora esquecida sua degradação. Mais uma vez, por quê? Em primeiro lugar, porque as confissões que haviam feito eram obviamente extorquidas e falsas. Nós não cometemos erros desse gênero. Todas as confissões feitas aqui são verdadeiras. Nós a tornamos verdadeira. E, acima de tudo, não permitimos que os mortos se levantem contra nós. Deves deixar de pensar que a posteridade te vindicará, Winston. A posteridade jamais ouvirá falar de ti. (…). Não terás existido nunca. (p. 242).

O’Brien está mostrando a Winston o caráter ideológico da realidade. Não há confissões falsas, porque o partido as torna verdadeiras. A realidade é ideológica, portanto, não é possível confrontar discurso com realidade.

Ora, mas uma vez que sabemos que é a própria realidade que é ideológica, qual o lugar da falsa consciência? Segundo Zizek, deveríamos ler numa outra chave a velha frase de Marx, “disso eles não sabem, mas o fazem”. A ideologia não estaria no saber, mas no fazer. Assim, poderíamos reformular a frase marxiana como “eles sabem muito bem o que estão fazendo, mas agem como se não soubessem”. Daí porque Zizek vai afirmar que:

O sentido da análise de Marx é que as próprias coisas (mercadorias) acreditam em lugar dos sujeitos: é como se todas as suas crenças, superstições e mistificações metafísica, supostamente superadas pela personalidade racional e utilitarista, se encarnassem nas ‘relações sociais entre as coisas’. Os sujeitos já não acreditam, mas as coisas acreditam por ele (1999, p. 317).

Nesse ponto, seguindo Zizek, podemos lembrar a teologia materialista de Pascal. Com feito, afirma Pascal:

Pois não devemos conhecer-nos mal: somos autômato tanto quanto espírito [mente]. O costume torna as nossas provas mais fortes e mais críveis; inclina o autômato, o qual arrasta o espírito sem que este o perceba. (Pascal, 1973, p. 107)[5].

Ora, nesse sentido, podemos muito bem dizer que o duplipensar nada mais é que uma ideologia que não pretende enganar o indivíduo com uma falsa consciência, mas fazer com que, por meio de sua prática efetiva, acredite nas coisas. Daí porque a tortura de O’Brien só tem efeito quando Winston passa a praticar que vê cinco dedos onde há quatro, que eles sempre estiveram em guerra com a Lestásia…

Como vemos, é por meio do controle das paixões, pelo hábito, que se dobra o autômato, que leva consigo a mente. Daí porque pode haver o duplipensar. Sabe-se que se altera a realidade, mas o hábito faz eles esquecerem que alteraram a realidade.

Bem se vê que Orwell poderia muito bem ter colocado na boca de O’Brien a fala de Pascal diante do ateu que quer crê e não consegue. Apenas trocássemos umas palavras (fé por crença no partido, tomar água benta por somar dois e dois e dar cinco etc.) e não seria demais imaginá-las saindo da boca de um personagem Orwelliano. Senão vejamos o que diz Pascal e imaginemos apenas essas palavras trocadas:

“Está bem, mas tenho as mãos amarradas e a boca fechada; obrigam-me a apostar, e não estou livre; não me soltam. E sou feito de tal maneira que não posso crer. Que quereis, pois, que eu faça?

–          É verdade. Mas aprendei pelo menos vossa impotência para crer, já que a razão a isso vos conduz e que todavia não o podeis. Esforçai-vos, pois, não para vos convencerdes pelo aumento das provas de Deus, mas pela diminuição das vossas paixões. Quereis chegar à fé e não sabeis o caminho, quereis curar-vos da infidelidade e pedis o remédio: aprendei com os que estiveram atados como vós e que apostam agora todos os seus bens; são pessoas que conhecem esse caminho que desejaríeis seguir e que estão curadas do mal de que desejais curar-vos. Segui a maneira pela qual começaram: fazendo tudo como se tivessem fé, tomando água benta, mandando dizer missas, etc… Naturalmente isso vos fará crer e vos bestificará – ‘Mas é isso o que eu temo’ – E por quê? que tendes a perder?…

–          Ora, que mal vos poderá acontecer tomando esse partido? Sereis Fiel, honesto, humilde, reconhecido, bom, amigo sincero, verdadeiro. Em verdade, não ficareis com os prazeres emprestados, com a glória, com as delícias; mas não tereis outras? Digo que com isso ganhareis nesta vida, e que, em cada passo que derdes nesse caminho, vereis tanta certeza no ganho, e tanta nulidade naquilo que arriscaríeis, que apostastes numa coisa certa, infinita, pela qual nada destes” (Pascal, 1973, p. 100-101, frag. 233).

Esse texto podia muito bem ter saído da lavra de Orwell, mudando apenas umas palavrinhas aqui e ali. Porque afinal é de conversão que se trata, e uma conversão cuja crença vem antes da crença, ou seja, conversão que será apenas formal, pois o autômato é que fornecerá a crença para a razão se converter. Não é pelo controle da razão que se realiza a conversão, mas das paixões, como nos avisa Pascal. E O’Brien sabe muito bem disso. Razão pela qual só ao substituir o amor de Winston por Júlia pelo amor ao Grande irmão que aquele finalmente estará convertido. Com efeito, diz O’Brien a Winston: “chegou a hora de dares o último passo; É preciso que ames o Grande Irmão. Não basta obedecê-lo: É preciso amá-lo” (Orwell, 2003, p. 269).

Como vemos, o duplipensar junto com a tortura converteu Winston aos valores do Partido. Não só converteu a mente, como também o seu coração. E, concordamos com Ferreira, para quem “era indispensável, para que a dominação não fosse apenas formal, de força, que os dissidentes apanhados nas malhas do Ministério do Amor se convencessem, afetivamente, do erro em que incorriam e se convertessem interiormente à fé que a tortura lhes revelava” (Ferreira, 1986, p.287).

Essa espécie de ideologia cínica que é o duplipensar, cuja força está na realidade ideológica, e não em alguma falsa consciência, cuja adesão vem do hábito para mortificar as paixões e dobrar a mente pode nos dar uma pista diferente sobre a relação entre infra-estrutura e super-estrutura na hegemonia. Quando Gramsci firma que “…as forças materiais seriam historicamente inconcebíveis sem a forma e as ideologias seriam fantasias individuais sem as forças materiais” (Gramsci, 1976, pp. 376-7), penso que não se trata de iludir o indivíduo ocultando a verdadeira realidade. Tampouco de desprezar os aspectos infra-estruturais. Trata-se ao contrário de conceber como indissociáveis uma e outra esfera da vida. Em suma, compreender a realidade como ideológica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANTES, P. E (2004). Beijando a Cruz.In Zero à Esquerda. Conrad Editora. São Paulo.

FERREIRA, O. S (1986). Os 45 Cavaleiros Húngaros. Uma leitura dos Cadernos de Gramsci. Ed. Universidade de Brasília. São Paulo, Hucitec.

GRAMSCI, A (1976). Selections from the Prison Notebooks, org. de Quintin Hoare e Geoffrey Nowell-Smith, Londres, Lawrence & Wishart.

ORWELL, G (2003). 1984. Trad. ed. Nacional, São Paulo.

PASCAL, B (1973). Pensamentos. In col. Os Pensadores XVI. Trad.  De Sérgio Milliet. Ed. Abril, São Paulo.

ZIZEK, S (1999). Como Marx Inventou o Sintoma? In Um Mapa da Ideologia, org. Slavoj Zizek. Trad. Vera Ribeiro, ed. Contraponto. São Paulo.


[1] Tomo emprestada a expressão de Guy Debord em A Sociedade do Espetáculo.

[2] Interpretamos aqui o fetichismo da mercadoria como uma reformulação do conceito de ideologia por Marx.

[3] Esta uniao inusitada entre Pascal e Marx segue a linha de interpretacao recente sugerida por Zizek (1999) e Arantes (2004).

[4] Ainda que, é verdade, devamos a Marx a “descoberta” de que o tempo de trabalho é abstrato. Mas, como veremos, essa abstração real não é de somenos importância.

[5] Fragmento 252 da edição Brunschvicg.  Esse mesmo trecho encontra-se traduzido de forma ligeiramente diferente em Zizek (2003) e, parece-nos, mais apropriada: “Pois não devemos nos enganar sobre nós mesmos: somos tanto autômato quanto mente. (…) As provas convencem apenas a mente; o hábito fornece as provas mais sólidas, e aquelas em que mais se acredita. Ele dobra o autômato, que inconscientemente leva a mente consigo (p. 318).

Sobre Manoel Galdino

Corinthiano, Bayesiano e Doutor em ciência Política pela USP.
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