A Viúva Grávida – de Martin Amis

Conforme tinha comentado anteriormente, estava lendo o livro do Martin Amis, A Viúva Grávida. Eu cheguei até a escrever – mas creio que apaguei – que o livro valia a pena só pelo começo.

O livro é bom, mas acho que nunca mais vou ler livros do Martin Amis. É muita coisa que eu não entendo no livro dele. O  vocabulário é difícil, mas até aí ok, a literatura também está aí para nos ensinar coisas. O problema é que, muitas vezes, pedaços da história não parecem ter pé nem cabeça.

Eu não consigo compreender os personagens. Às vezes eu não consigo compreender nem a história. Talvez minhas demandas de transparência sejam altas demais. Mas o fato é que é muito angustiante. Tem passagens muito bonitas, tiradas muito boas e pensamentos bacanas. Além das referências literárias. Mas não creio que seja pra mim. O final do livro foi até um sacrifício. Lê-lo até o final.

Agora é hora de mudar. Mas depois de tanto Philip Roth e agora o Amis, não tenho a mínima vontade de começar qualquer outro livro de qualquer romancista. O que é uma pena, pois estava curtindo a volta a minha fase de leitura de livros. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

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Passagens que eu marquei:

Quando a gente fica velho.. Quando a gente fica velho, a gente se apanha fazendo testes de cena para o papel de uma vida inteira: aí, depois de ensaios intermináveis, finalmente a gente estrela um filme de terror – um filme de terror sem talento, irresponsável e acima de tudo de baixo orçamento, no qual –  como é de praxe nos filmes de terror – guardam o pior para o final.

Em seguida chegam os cinquenta e vão em frente, cinquenta e um, cinquenta e dois. E a vida se dilui outra vez. Porque agora existe dentro do nosso ser uma presença enorme, da qual ninguém desconfiava, como um continente que não foi descoberto. É o passado.

Quando acordamos pela manhã (pensou ele), a primeira tarefa que temos pela frente é esta: a distinção entre o verdadeiro e o falso. Temos de dispensar, apagar os reinos de mentirinha criados pelo sono. Mas ao término do dia era o contrário e procurávamos o inverídico e o fictício, por vezes beliscando a nós mesmos para ficar acordados, em nossa ânsia de associações absurdas.

E inveja, o dicionário sugere, nos leva, por um movimento do cavalo no jogo de xadrez, até empatia. Do latim invidere, “olhar de modo malicioso”, de in-“dentro” + videre, “ver”. Inveja é uma empatia negativa. Inveja é uma empatia no lugar errado e na hora errada.

E na manhã seguinte, por falta de costume, a gente fala, sabe como é, fala assim, me liga um dia desses. E ele olha pra gente. Como se você fosse uma leprosa que tivesse acabado de propor a ele um casamento. Porque me liga um dia desses é uma chantagem emocional, entende? E nenhum compromisso é permitido. Os rapazes venceram. De novo.

“Por que chama assim, a posição dos missionários?”
“Porque os missionários”, respondeu Lily, “diziam aos nativos que parassem de fazer aquilo como se fossem cachorros e passassem a fazer como se fossem missionários.”

Expectativa, ansiedade, não como um estado passivo, mas sim como a mais atarefada e fulgurante de todas as atividades: aquilo era a juventude.

Sobre Manoel Galdino

Corinthiano, Bayesiano e Doutor em ciência Política pela USP.
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